sexta-feira, 27 de maio de 2016

Figura feminina de Cesário Verde

Cesário Verde foi um poeta de extrema importância do século XIX. A sua poesia variava de temáticas, sendo que passava pela dicotomia entre a cidade e campo e pela variada caracterização da figura feminina. Este último aspeto é um dos mais importantes em toda a poesia de Cesário, e, pessoalmente, o meu preferido. 
O poeta representava vários tipos de mulheres e atribuía-lhe uma certa denominação e a respectiva caracterização. Existiam as mulheres fatais, as mulheres frágeis e as mulheres trabalhadoras. As mulheres fatais eram aquelas que estavam longe do possível alcance do sujeito poético, e caracterizavam-se como frias, distantes e carente de sentimentos. Com estas, o sujeito poético partilhava uma relação quase inexistente de amor intenso, apenas sentida pelo mesmo. Este sentia uma certa humilhação por estar loucamente apaixonado por uma mulher que é incapaz de o amar de volta. Este tipo de mulher encontra-se presente no poema ''Deslumbramentos''. As mulheres frágeis, que são caracterizadas como naturais e puras, estão associadas à vida campestre. Com estas, o sujeito lírico partilha uma relação de superioridade, uma vez que o feminino se contrapõe ao masculino, pela sensibilidade da mulher e a virilidade do homem. Isto desperta, no sujeito poético, um sentimento de protecção pela sua senhora, como no poema ''A Débil''. As mulheres trabalhadoras, com as quais o sujeito poético não partilha qualquer relação, despertam um sentimento de admiração no mesmo, uma vez que são caracterizadas como doentes e feias, como no poema ''Contrariedades''. 
Na minha opinião, a maneira de caracterizar as mulheres fatais é a mais cativante, visto que a mulher é embelezada e enriquecida de todas as maneiras possíveis e tem um cariz extremamente poderoso e fascinante. A representação das mulheres frágeis, a meu ver, é um pouco desvalorizante, no que toca à mulher, visto que é considerada inferior ao homem. No entanto, a escrita do poeta torna toda a caracterização feminina, na sua globalidade, muito interessante e encantadora.

Prosa Medieval

A Prosa Medieval é a denominação atribuída a um conjunto de histórias que dominaram a era medieval. A Literatura da Idade Média divide-se predominanentemente em duas categorias: os Livros de Linhagens e as crónicas de Fernão Lopes, que apresentavam algumas diferenças, ainda que fossem ambos formas literárias de contar histórias.
Os livros de Linhagens consistiam em genealogias de famílias aristocratas, que visavam evitar casamentos incestuosos entre membros das mesmas. Relatavam também vários factos históricos de antepassados, que são efetivamente vítimas de um processo de exagero. Sendo que todas as obras são sobre a família, relatam-se lendas ou ocorrências importantes e que estejam associadas à história da família.
Fernão Lopes, no entanto, escreve crónicas de alguns reis de Portugal, como D. João I, D. Pedro e D. Fernando. Exercia a função de cronista oficial do reino português. Fernão Lopes tinha muito em conta o valor de verdade, valorizando incrivelmente a subjetividade sem omissões, quando relata as suas ist´roias. O cronista procurava sempre ser o mais correto e preciso que lhe estava ao alcance, baseando-se apenas em factos verídicos.
Assim, é-nos possível criar uma relação opositória entre estas duas formas de prosa medieval, uma vez que os Livros de Linhagem não têm qualquer base factual, ou seja, não há quaisquer provas verídicas nas histórias que abordam, ao contrário das obras de Fernão Lopes. 

Sophia de Mello Breyner

A poesia do século XX tem como principais artistas, Mário de Sá-Carneiro, Alexandre O'Neill, Sophia de Mello Breyner, entre outros. Sophia foi uma grande poeta portuguesa de cariz liberal, sendo-nos, então, possível verificar alguns aspetos mais importantes da sua obra poética.
Sophia diferenciava-se de outros poetas por encarar o conceito de poesia de forma peculiar. Defendia que o poema surge de forma inevitável e simples, considerando que a função dos poetas é unicamente transmitir o poema ao mundo físico. Atribui uma certa importância à inspiração, pelo que acredita que é à sua musa, ou seja ao seu subconsciente que deve o seu sucesso lírico. Penso que esta nova forma de viver a poesia é extremamente interessante e fascinante, pelo que considero este aspeto um dos meus preferidos em toda a  obra poética de Sophia. A questão da valorização do espaço, apresentada através da oposição entre a natureza e a cidade, também é, a meu ver, muito harmoniosa. A diferenciação entre a cidade, que representa a clausura, a dor e o sofrimento; e o campo ou o mar, que se enquadram no espaço natural, que se associam à alegria a à liberdade, é completamente impressionante. A poeta consegue, através de poucas palavras, que por vezes não seguem as regras de escrita poética, expressar várias emoções e situações que são comuns a muitos de nós.
Concluindo, a poesia de Sophia é peculiarmente única, isto que diferenciava da de muitos outros poetas, por todo o carisma tranquilizante, ainda que vibrante, que transmite.

sexta-feira, 18 de março de 2016

Aparição

O romance ‘’Aparição’’, escrito por Vergílio Ferreira e publicado em 1959, aborda vários assuntos, entre o quais o mais presente e relevante é o existencialismo - uma temática filosófica que se caracteriza pela centralização na razão que está por detrás da existência de cada um, apelando-nos para a descoberta e para a aprendizagem constante sobre a mesma. O existencialismo pode, efetivamente, dividir-se em dois níveis: o cristão, que defende que o universo é paradoxal e que o seu maior paradoxo é a união transcendente de Deus; e o ateu, que revela uma crença na morte de Deus e no facto de a divindade se encontrar em cada um, individualmente, e não num ser poderoso. Este aspecto revela ainda que com a existência de Deus negada, todo o fundamento universal desaparece, o que proporciona a subjetividade da moralidade de cada um, dando esta origem a uma maior fragilidade e à angústia humana.
Nesta obra, existem várias personagens, ainda que apenas duas sejam consideradas principais - Sofia e Alberto. Para além destas, Cristina e Ana, com quem Alberto estabelece uma forte e intensa relação, Carolino, D. Moura, Chico, Alfredo - o marido de Ana, Tomás e Evaristo - irmãos, e ainda os pais de Alberto.
Esta peça literária começa por envocar uma memória de Alberto, em que este alcança a primeira aparição da sua vida. Esta aparição consistiu no avistamento do seu próprio reflexo num espelho, após ter julgado que estaria um ladrão no quarto com ele. Assim que Alberto percebe que não se tratava de nenhum ladrão, mas sim dele próprio, revela um grande choque e espanto perante a situação.
Sofia, filha do casal Moura e, consequentemente, irmã de Ana e de Cristina, era muito diferente de toda a sociedade considerada normal e este era um aspeto que a perturbava, porque a sociedade a impedia constantemente de ser como queria, mesmo que na maior parte das vezes isso não fosse muito significativo para ela. Fisicamente, Sofia é caracterizada pela vivacidade dos seus olhos, pela intensidade do seu corpo e pela sua excessiva e ‘’demoníaca’’ beleza. Psicologicamente, revela-se uma mulher provocadora e independente, ainda que se subentenda a sua solidão e angústia perante o rumo da sua vida em várias passagens do texto. É uma mulher que marca toda a gente que com ela se cruza, seja por que razão for, o que revela o seu lado misterioso e fascinante. Demonstra ser uma mulher que não se entrega a ninguém por completo, nem deve explicações a ninguém. Encontra-se um certo desejo malicioso de autodestruição presente na sua alma, que se compreende por entre as suas passadas tentativas de suicídio, e que se revela no seu carácter desafiador para com a própria vida. Sofia é, assim, vista como uma aberração, por todo o contraste existente entre ela e qualquer uma das suas duas irmãs. É o oposto do comum, do suposto comum social. Ela gosta de ser assim, gosta de ser e de marcar a diferença, gosta de causar impressões nas outras pessoas, sejam elas quais forem. Toda ela é um enigma, impossível de descodificar. Entende-se o seu secretismo através de toda a aura pecadora, escura e misteriosa que a rodeia.
Alberto, o protagonista da história, está a viver uma crise existencial, procurando, intensamente, atingir a compreensão da razão por detrás da sua existência. Está, então, aqui presente o existencialismo ateu, que o acompanha ao longo de toda a narrativa. Alfredo declara que, com a existência de Deus negada, todo o fundamento universal desaparece, o que proporciona a subjetividade da moralidade e uma maior fragilidade humana. Esta personagem ultrapassa as limitações que a realidade lhe impõe, com o seu desafio moralista à vida. Defende a liberdade humana e acredita na transcendência, isto é, acredita em fazer um percurso que vá mais além do seu ‘’eu’’, viajando pelo conhecimento de outras realidades, e descobrindo o que é desconhecido. Além disto, revela-se um homem muito intelectual, culto e pacífico.
A relação entre Sofia e Alberto começa através das lições de Latim que ensinava a Sofia, apesar de rapidamente se terem desenvolvido vários sentimentos de forte atração entre os dois. A relação de desejo carnal que ambos partilham parte dos encantos sedutores de Sofia, aos quais Alberto não consegue resistir. Existe uma forte e intensa conexão entre ambos, tanto a nível físico como intelectual, visto que ambos encaram a vida de forma extremamente peculiar. Assim, partilhavam uma relação amorosa, agressiva e violenta. Não se tratava de uma obsessão, mas da irresistibilidade de um para com o outro. Ardentemente apaixonados um pelo outro, Sofia e Alberto traduziam perfeitamente todos os sentimentos que nutriam um pelo no outro nas suas interações, através do toque e do olhar.
Quanto à relação de Alberto e Ana, esta diferencia-se em muito da relação  partilhada por Alberto e Sofia. Enquanto Sofia desperta em Alberto uma atração erótica, Ana aviva-lhe uma afeição intelectual. Ana era a filha mais velha do Dr. Moura, e era muito culta, conhecia muito sobre a literatura. Era casada com Alfredo, que a admirava como mais ninguém, apesar de ser um pouco pobre de espírito. Assim, estabelecia-se uma certa diferença entre a relação que Ana tinha com o marido e com Alberto, visto que Alberto alimentava o lado intelectual de Ana e vice-versa, enquanto que o marido não se preocupava com os assuntos existenciais que lhes percorriam as veias.
Cristina, a filha mais nova de Dr. Moura, encantava Alberto com a suave e harmoniosa melodia que escapava do piano por entre os seus pequenos dedos, com o qual partilhava também uma relação de cumplicidade e afeto. A música, que aparece na obra através desta personagem, representa um dom da revelação humana, visto que o próprio protagonista revela uma vontade quase urgente de desabar em lágrimas quando ouve a pequena rapariga tocar. A sua arte é, então, muito valorizada, e, com o facto de Alberto desejar sempre ouvir mais e mais do talento de Cristina, cria-se, então, uma grande relação. Quando esta morre, Alberto revela uma grande perturbação. No entanto, como existencialista, defende que a memória a pode trazer de volta à vida, visto que a morte, tanto espiritual como física, é definitiva, e não existe vida depois da inevitável morte.
Carolino, aluno de Alberto, é nos apresentado como um louco de ideias peculiarmente estranhas e de uma certeza conotação desequilibrada. Estas ideias são reflectidas através da conclusão a que este chega de que o Homem é Deus porque tem o poder de destruir e matar nas suas mãos, visto que defende que matar é igual a criar. Com a sua absurda confiança na loucura, Carolino mata uma galinha. Entretanto, Carolino, também conhecido como o Bexiguinha, desenvolve com Sofia uma relação amorosa paralela àquela que ela estabelece com Alberto. Carolino começa, então, a encarar Alberto como um rival, revelando um carácter rude e hostil para com o mesmo. Como percebe que não lhe consegue tirar a sabedoria, da qual tem tanta inveja, tira-lhe a sua maior inspiração: Sofia, assassinando-a.
Pessoalmente, considero que esta obra é muito importante de aprofundar, não só pela sua história mas, maioritariamente, por todo o conteúdo que se encontra escondido e subentendido por entre as falas e por entre os pensamentos e histórias de cada personagem. Toda a aura existencialista que rodeia Alberto ensina-nos uma nova perspectiva de encarar a vida, que, pessoalmente, desconhecia.
Quanto ao resto das personagens, penso que também nos proporcionam várias lições. Carolino, por exemplo, defende as suas crenças, e demonstra, assim, uma nova maneira de perspectivar o Mundo e as nossas ações.
Deste modo, considero que a história é um pouco vaga, e por vezes até confusa. Não sinto que tenha recebido, por completo, a mensagem que o autor pretendia transmitir aos leitores. Não consigo afirmar que tenha entendido bem o porquê de o título deste livro ser ‘’Aparição’’, ainda que consiga compreender que se refere ao aparecimento das mais diversas coisas ao longo da nossa vida. Não consigo afirmar que tenha compreendido toda a matéria existencialista, na qual Alberto acreditava, por ser, na minha opinião, um pouco vazia, confusa e inconstante.
No entanto, apesar de toda a minha dificuldade em descodificar as intervenções materialistas de Alberto, gostei da obra pela presença do materialismo, a ausência da religião e pela maneira peculiar de encarar todo o processo de vivência do ser humano.
Concluindo, esta obra romântica possui vários pontos de vista de acordo com a essência da origem da vida, levantando certas questões sobre as quais cabe a cada indivíduo fazer a sua própria reflexão e, dessa forma, chegar às suas próprias conclusões sobre as suas crenças na vida, na morte e em Deus.

Biografia:
http://www.infopedia.pt/$aparicao
http://www.significados.com.br/existencialismo/
http://faroldasletras.no.sapo.pt/aparicao_personagens.html

quinta-feira, 17 de março de 2016

Naturalismo

O Naturalismo é um movimento artístico, cultural e literário da segunda metade do século XIX que conquistou as artes plásticas, a literatura e o teatro. Este é considerado uma radicalização do Realismo, devido ao facto de a característica de retratar a realidade de forma objetiva é partilhada por ambos os movimentos. Teve origem na França, tendo como principal representante o escritor francês Émile Zola, que marcou o início deste movimento artístico na Europa, com a publicação de "Germinal", em 1970. Obra esta que retratava, de forma clara, as  condições trágicas em que os trabalhadores das minas de carvão viviam.
Uma das grandes preocupações das obras naturalistas é a relação entre o homem e as forças da natureza. O Naturalismo teve uma forte influência da teoria do evolucionismo de Charles Darwin, entre outras correntes de pensamento científico que predominavam na Europa, o socialismo e o positivismo. O Evolucionismo é uma teoria desenvolvida por diversos cientistas que consiste na explicação das alterações sofridas pelas diversas espécies de seres vivos ao longo do tempo, em sua relação com o meio ambiente onde elas habitam.
Este movimento naturalista possuía várias características, entre elas o cientificismo que transformou o homem e a sociedade em objetos experimentais. Também tem como forte característica a abordagem de temas polémicos, como crimes, adultério, incesto, homossexualidade, entre outros nas diferentes formas possíveis de o revelar. Na literatura, os naturalistas utilizam linguagem coloquial, clara e objetiva enquanto que nas artes plásticas, o representado era apenas uma observação que o pintor teria feito previamente, limitando-se a retratar cenas naturais da vida real. Os naturalistas procuram atingir a reforma da sociedade, sendo que ao denunciar estes problemas diários, isso se tornasse mais provável de acontecer.
O Naturalismo em Portugal teve início na década de 1875 com a publicação da obra de ‘’O Crime do Padre Amaro” de Eça de Queiroz. Eça de Queiroz nasceu a 25 de novembro de 1845 e acabou por falecer a 16 de agosto de 1900. Embora este autor seja mais citado como escritor realista, a obra de Eça abrange diversas características do naturalismo.
O último dos naturalistas portugueses foi Abel Botelho, nascido em 1855 e morrido em 1917. Este estreou-se em 1981 com o seu livro ‘’O Barão de Lavos’’, onde o tema da hereditariedade é abordado.
No desenvolvimento das artes plásticas, a classe burguesa foi extremamente importante devido ao facto de ser o fator necessário para que a produção artística fosse possível. O burguês encontrava-se um pouco por toda a parte; reunia em salões, cervejarias, cafés, etc. O Grupo do Leão, que nasceu numa dessas cervejarias, onde nomes como Silva Porto, José Malhoa e os irmãos Rafael e Columbano Bordalo Pinheiro se reuniam para contribuir para a difusão das ideias naturalistas através da arte, foi uma das maiores ajudas na expansão do movimento.
Concluindo, o movimento naturalista teve uma grande influência na maneira de pensar de todos os que o difundiam, alterando por completo a sua perspectiva na vida e trazendo algum realismo para as vidas de todos. 

Biografia:
http://www.significados.com.br/naturalismo/
http://www.infopedia.pt/$naturalismo
http://www.notapositiva.com/pt/trbestsup/psicologia/antropologia/naturalismo.htm

Brasileira do Chiado

A Brasileira do Chiado foi fundada a 19 de novembro de 1905 na Rua Garrett, junto ao Largo do Chiado, em Lisboa, e é considerado o mais emblemático café de toda a capital portuguesa. Nos anos 20 do século XX, consolidou-se como ponto de encontro de artistas, escritores e intelectuais, sendo que em 1925 se iniciou a tradição de expor telas de vários pintores portugueses. Este café mantém ainda uma identidade muito própria pela peculiaridade da sua decoração e pela ligação a vários nomes no mundo das artes, como por exemplo Santa Rita Pintor, Almada Negreiros, José Pacheko, Abel Manto e, obviamente, Fernando Pessoa. A assiduidade deste último artista motivou a inauguração da sua estátua em bronze, por parte de Lagoa Henriques, na qual o escritor está sentado à mesa na esplanada do café.

Biografia:
http://www.ezimute.com/pt-PT/lisboa/categorias/cafes--bares-e-discotecas/a-brasileira
https://pt.wikipedia.org/wiki/Caf%C3%A9_A_Brasileira_%28Lisboa%29

Amadeo de Souza-Cardoso

   
Amadeo Ferreira de Souza-Cardoso nasceu a 14 de Novembro de 1887, em Manhufe, Amarante. Este foi considerado por muitos, o primeiro modernista português devido à sua maneira de pensar, que expressava graciosamente na sua arte. Experimentou várias correntes artísticas, no entanto as que mais marcaram a sua obra foram o Cubismo, o Expressionismo e o Futurismo. As suas obras mais conhecidas são: Entrada, Saut du Lapin e Menina dos Cravos.

Em 1905, Amadeo começou por partir para Lisboa com o objetivo de seguir o curso de Arquitetura na Academia de Belas-Artes. É na capital que desenvolveu a atividade de desenhador, especialmente de caricaturista, que foi sempre apoiada pelo seu amigo Manuel Laranjeira. Quando completou os seus 19 anos de idade partiu para Paris e a partir dessa data, frequentou ateliês de preparação para o concurso à Escola de Belas Artes com o objectivo de cursar Arquitetura. Em meados de Janeiro de 1907 decidiu desistir da Arquitetura para se dedicar inteiramente à pintura. Mais tarde, nesse mesmo ano, realiza uma viagem à Grã-Bretanha com o pintor português Eduardo Viana, de quem se tornou grande amigo. Reuniu vários artistas portugueses, tais como Manuel Bentes, Eduardo Viana, Emmérico Nunes, Domingos Rebelo, Francisco Smith, entre outros, no seu estúdio alugado. Ainda nesse ano conheceu Lúcia Pecetto, com quem casou em Portugal em 1914. Em 1909, o artista passou a frequentar a Academia Viti dirigida pelo pintor espanhol Anglada Camarasa. Anos depois, expôs com Amadeo Modigliani. Relacionou-se com vários artistas, entre eles Sónia e Robert Delaunay. Expôs seis trabalhos no XXVIII Salon des Indépendants, em Paris. Em 1912, publicou o álbum ‘’XX Dessins’’ e ilustrou o manuscrito de ‘’La Légende de Saint Julien L’Hospitalier” de Flambert. Expôs novamente no XVIII Salon des Indépendants e no Salon d’Automme, ambos situados em Paris. No ano seguinte participou no Armory Show, em Nova Iorque, com oito trabalhos, exposição essa repetida em Chicago e Boston. Expôs colectivamente no I Salão de Outubro de Berlim, onde conheceu o pintor alemão Otto Freundlich. Algumas das suas obras foram reproduzidas no livro de Arthur Jerome Eddy “Cubist and Post-Impressionist”. Em Abril de 1914 enviou três trabalhos para o London Salon, exposição que não se realizou devido ao início da Primeira Guerra Mundial. Quando regressou a casa aquando da Guerra, Amadeo de Souza-Cardoso trabalhou  na Casa do Ribeiro, casa pertencente ao seu tio Francisco. No ano de 1915 o casal Sónia e Robert Delaunay chegou a Portugal e instalou-se em Vila do Conde. Em 1916 Amadeo publicou uma selecção de “12 Reproductions”. Em Lisboa, o pintor encontrou-se com José de Almada Negreiros e o Grupo da Revista Orpheu, revista que tencionava publicar um terceiro número no qual reproduziria obras de Amadeo. É neste ano que o artista realizou duas exposições em Portugal. Em 1917, Almada dedica-lhe o livro “K 4 o Quadrado Azul”. Em Abril realiza-se uma sessão futurista no Teatro da República, da qual surge a ideia de publicar a revista “Portugal Futurista” que foi apreendida, onde constavam três obras de Amadeo.

No ano de 1918 uma doença de pele impediu Amadeo de continuar a produzir a sua arte, acabando por falecer bruscamente a 25 de Outubro, vítima da epidemia de pneunomia que atacou a Europa no final da Guerra. Atualmente, existe um museu dedicado ao magnífico artista, onde estão expostas obras de vários outros artistas, na sua terra natal de seu nome Museu Nacional Amadeo de Souza Cardoso.

Bibliografia:
http://www.amadeosouza-cardoso.pt/pt